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Lula pode vencer no primeiro turno e Marília, em Pernambuco, também. Quais as consequências disso?

A polarização e o ativismo radical cansam. A “paixão política” alcançou uma proporção desgastante e isso está em pesquisas qualitativas pelo Brasil.

O eleitor está cansado e torcendo para que tudo passe o mais rápido possível. Na disputa nacional, Lula (PT) tem chances de vencer no primeiro turno.

A maior garantia que Bolsonaro (PL) tem para esticar a eleição é Ciro Gomes (PDT) segurando votos que podem ir para o petista. E Ciro Gomes nunca é garantia de nada para ninguém.

Em Pernambuco, Marília Arraes (SD) começou a crescer, dentro de um ambiente em que os outros ficam todos embolados num patamar bem abaixo. É cedo, mas também há uma chance de vitória em um turno apenas.

É natural o cansaço e é normal que todo mundo queira que termine, para que se possa discutir a inflação, o desemprego e a miséria ao invés de perder tempo brigando sobre quem é “comunista” ou “fascista”.

Mas, do ponto de vista político e democrático, eleição em um turno é bom apenas para quem vence.

Parece óbvio, mas não é.

“Eu não preciso de você”
O movimento partidário para o segundo turno é bem específico. Por exemplo, Lula montou um grupo agora e tem compromissos com eles. André Janones (Avante) trabalha para retirar a candidatura e apoiar o petista, desde que ele assuma algumas bandeiras dos eleitores dele.

Esses acordos se ampliam no segundo turno.

Quanto mais dificuldade o candidato tiver para vencer, mais ele fará acordos e assumirá bandeiras de outros grupos, atendendo à necessidade de grupos maiores.

Num segundo turno, Lula teria que ampliar acordos com setores da sociedade civil para garantir a vitória. Se vencer no primeiro turno, sem precisar de ninguém, fará o governo que quiser, sem dar satisfação a ninguém.

O mesmo acontece com Marília Arraes (SD) em Pernambuco ou qualquer outro candidato pelo Brasil.

Quanto mais fácil é a vitória, mais livre o eleito está para ignorar bandeiras que não são as suas.

Livrar-se desse clima de tensão eleitoral que extrapolou e já se transformou em violência é urgente. Mas, no longo prazo, vitórias em primeiro turno cobram seu preço.

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